31 agosto 2011

Poema de Amor Fugaz


Menina, linda menina...
O sol que nos ilumina
Torna-se ainda mais brilhante,
e fica tanto mais ofuscante
Quando vejo teu belo semblante

Face a tua, que me inspira,
Minhas preocupações retira...
E meus medos e fraquezas,
quando você está por perto,
se ocultam, desaparecem:
A você, sou um livro aberto

Peço-lhe, por uma declaração,
Que aceite meu coração,
radiante, que de tão inebriado,
sente-se atordoado
Sem saber ao certo o que sente:
Sente-se apaixonado...

Sim, estou apaixonado!
Grito a plenos pulmões!
Danço em meio ao vento,
desejoso de seu alento...

Apaixonado, sim, apaixonado!
Amo muito intensamente
Terna e sinceramente,
e quero ser bem amado...

Soneto de Espera


Reles palavras não são suficientes
A fim de explicar a minha emoção
Queria ter mil estrelas cadentes:
Desejar guardar-te em meu coração

Minha vida não mais será igual
Falando-te por poemas e cartas
E tudo será de novo, normal
Quando voltardes, sarando mi’as marcas

Nesse dias, ficarei mais feliz
Seremos juntos, e bem, novamente
Não desisti de tudo por um triz

E irá reacender tal emoção ardente
Mas como não foi o que o Destino quis,
                                                Guardo esse belo sonho em minha mente


                                                                           

30 agosto 2011

As lágrimas


Ora, o que são as lágrimas? De que são feitas, afinal? Pois parece que mudam de acordo com a situação.
Às vezes, e não raras vezes, não se tratam somente de uma mistura de vários sais diluídos num amontoado de moléculas de H2O.
Às vezes, o simples surgimento daquela reluzente gota é capaz de comover, inundar todo um ambiente com as emoções que ela concentra em um volume tão pequeno.
As lágrimas vertidas em razão de um “SIM”, por causa de um abraço, por causa de uma demonstração de amor ou amizade, por um beijo apaixonado que era aguardado há tanto tempo... Límpidas lágrimas de alegria, pequenos sóis dourados que nos caem dos olhos. Talvez por isso, as mais raras e valiosas.
Lágrimas que parecem ter sido arrancadas do fundo do peito, derramadas por uma declaração, por um presente afetuoso, por palavras consoladoras vindas daquela pessoa amada... Derramadas por uma rejeição ou por palavras raivosas dessa mesma pessoa. Lágrimas sangrentas, impregnadas de todo o amor que nos corre nas veias.
Lágrimas impulsivas, que nos escorrem pelos olhos sem a menor permissão. Que não vêm nem do coração, nem da mente: vêm do animal que se esconde nas sombras do nosso âmago. Lágrimas enérgicas e imundas de pura ira concentrada.
Lágrimas que curam e protegem: lágrimas de pura compaixão.
Lágrimas incolores, a seu natural: lágrimas de dor.
Lágrimas libertadoras, singulares e brilhantes: de paz, alívio.
Lágrimas que quando são vertidas, nos isolam nos consolam e também nos aliviam. Lágrimas de saudade.
Inconsoláveis e inesquecíveis lágrimas femininas; ainda mais tristes e perturbadoras lágrimas, as masculinas.
E as lágrimas por sua razão de ser. As lágrimas provocadas a cada vez que ENXERGAMOS o mundo como ele é. Provocadas a cada lembrança que é capaz de apertar, tocar nosso peito profundamente. Provocadas a cada percepção de arrependimento. Provocadas a cada amor que não deu certo. Provocadas a cada frustração e decepção profunda de qualquer tipo.
As lagrimas que derramo mais constantemente. Que derramo toda vez que te vejo partir.
Lágrimas pesarosas, tão carregadas, concentradas, tão pesadas que não escorrem, não fluem: simplesmente caem ao solo, espalhando todo o sentimento que contêm.
As lágrimas de tristeza, cuja forma, cor composição não se vê porque elas embaçam nossas vistas.
E que eu espero que parem de me incomodar enquanto escrevo este texto, e que parem de me ocorrer a cada vez que me lembro de você.
...Ou, que me ocorram.
...Desde que você esteja sempre ao meu lado para secá-las.


27 agosto 2011

...E se o mundo acabasse...?

...E se o mundo acabasse amanhã?
Você largaria suas vaidades?
Diria todas as verdades
Que rejeita com tanto afã?

Se o mundo acabasse hoje mesmo,
entregaria-se às leviandades?
Compensaria suas maldades?
Ou sairia vagando a esmo?

Se tudo acabasse num minuto
Você negaria o amor?
Ou entraria num torpor,
chorando de rosto enxuto?


Se o mundo acabasse agora...
Correria, a se matar?
Ou poria-se a pensar,
naquele pelo qual tanto chora?

Se o mundo não mais vivo for,
Aceitaria, por fim, meu amor?


Cartas...

       Esta não é mais uma carta de amor, embora esteja entre outras tantas que jazem incompletas e morrem com rabiscos em meu caderno.
       Não sei exatamente o que quer dizer; o que é de fato.
       Mas sei que provoca lágrimas a cada vez que eu a leio.
       Possivelmente, por me recordar de bons e maus momentos, que deixaram de ser comuns, reles, porque foram vivenciados com você.
       Cada riso. Cada confidência. Cada conselho de verdadeira amizade. Cada elogio. Todas e cada uma das frases ditas... Tudo isso permanece em minha mente.
       Mas, como o amor é deveras cruel, nunca me permite ter cada uma dessas boas lembranças como forma de recordar minha felicidade e sim, como aquilo que perdi ao te perder através dos meus erros tão levianos... O que não tive, a felicidade e a satisfação que não tive, e não poderei ter jamais, porque te fiz se afastar. Fiz-te ir embora.
       E, claro, minha mente não pára de me lembrar das brigas. Rápidas, repentinas, confusas e fulminantes. Após cada uma delas, tanta coisa aprendi tão profunda melancolia me abateu que, possivelmente, à minha alma velha demais para meu corpo e com algumas marcas do meu exagerado sofrimento, foram acrescentados mais dez, vinte, cinqüenta anos. Mais cicatrizes dolorosas e chagas incuráveis cada vez que você saía pela mesma porta em que entrou da mesma forma que chegou: sem dizer nada.
       Mais lágrimas sofridas a cada pedido de desculpas que me via obrigado a dizer, seja quando eu estava com a razão; seja por culpa de minha incoerência e de minha falta de lucidez.
       No entanto, eu me tornava mais forte após cada vez que conseguia reconciliar-me contigo. Nós nos tornávamos mais fortes.
       Mas nada disso bastou.
       Não consegui fazê-la ver que, apesar de que “Não se pode confiar em ninguém”, e de que “Todo mundo mente”, eu não nasci para ser ninguém, e não sou todo mundo.
       De que você, se quisesse, poderia colocar-se em meu lugar às vezes, mudar isso em você só para mim; e mudar só isso em você, para mim.
       Não consegui, por causa do infortúnio que insiste em me perseguir e de algumas de minhas ações desmedidas, fazê-la confiar em mim e em minhas palavras quando digo que te amo, que você é linda, e que não vou te abandonar assim como todos os outros o fizeram – eu não sou todos os outros...
       ...E queria que soubesse disso...
       Eu sempre estive disposto, por causa de tudo o que você me fazia sentir, a mudar minha vida por completo: ir morar num lugar completamente desconhecido para mim... Afastar-me das pessoas que amo... Enfrentar dificuldades além da minha capacidade e, até mesmo, transcender essa capacidade...
       Mas isso pouco importava para mim. POR VOCÊ, iria conseguir, realizaria meus sonhos ao seu lado e, quem haveria de saber (?), teria contigo meu futuro reservado... E mesmo se acabasse antes de tudo isso, eu teria sido feliz por ter sido feliz contigo. Por tê-la feito, nem que tenha sido por um breve momento, feliz.
       “Por que isso?”, podem me perguntar. Simplesmente porque eu penso que, quando se acha a pessoa perfeita, deve-se lutar por ela. Agradá-la, consolá-la, MUDAR por ela. E, principalmente, agarrá-la com toda a força e não deixá-la NUNCA MAIS, não importa o que aconteça.
       É difícil ter que esconder do mundo tão intensa torrente de sentimentos. Dói.
       Prometi a mim mesmo que não iria chorar. Mas não consigo. Pois tenho a vã esperança de que, algum dia, as lágrimas que hoje derramo te trarão de volta. De que os poemas sobre você, a musa pela qual tanto procurei, hão de encaminhar-te a meus braços.       De que, algum dia, esta vida fadada à solidão conhecerá a verdadeira face da alegria ao teu lado.
       Não sei se algum dia lerá isto. Mas, caso leia, quero que saiba: eu te amo. E alguma coisa, em algum lugar do meu coração, por trás dessa parede de tristeza e de emaranhados de sentimentos caóticos, diz que você sente o mesmo e se culpa por isso.
       Eu te entendo... Mas você não vê.
       Eu me importo... Mas minha ausência e sua sensibilidade provavelmente te cegam quanto a isso.
       Pode ser que você não me ame, e que passe a me odiar ainda mais após ler isso. Mas eu não acho que tenha se esforçado tanto para dar certo, se declarado, muito menos que tenha mentido. Um lampejo de esperança por trás dessa mágoa me diz que tenho razão.
       E, enquanto ele brilhar em mim, quero que saiba: eu te amo muito, mesmo. E até saber que a chama que arde em mim e em você se apagou, eu não vou desistir.

22 agosto 2011

Sem Título [8]

Um sorriso que me é desconcertante
Um coração tão aflito quanto o meu
E no qual o romantismo é pulsante...
... É melhor coisa que me aconteceu

Às vezes, tens palavras de amante
E então, és amiga, de um jeito só seu
Surpreendes, e me encantas – e não obstante
O Cupido, a vós, meu amor concedeu

És ambas Razão e Sensibilidade
Enquanto dás conselhos dos mais sábios,
Tu choras de tristeza, solitária...

Dedico-te minha mais bela ária
Entrego-me á tua sensualidade
Desejando os rios que são teus lábios
  
P.S:Você sabe que é para você, ma chérie ;)

21 agosto 2011

Sem título [7]

         Perguntas como estou;
estou a esperar...

Espero o tempo correr,
espero o dia passar
 espero o Sol acordar,
 espero a Lua brilhar...
Espero noite cair,
e espero o frio gelar...

Espero a água chover,
e espero o fogo queimar
Espero o vento ventar,
e espero a terra comer...
Espero a Morte ceifar,
e espero a Vida viver...

Espero o Amor renascer,
 espero a paz triunfar
 espero o temor me esconder,
 e a tempestade passar;
 Espero a mente acalmar...

E espero ela chegar...

18 agosto 2011

O suicida

       Era um rapaz muito infeliz.
       Estudante de Engenharia, gostava, no entanto de Direito – só cursava Engenharia por pressão familiar. Morava em um sobrado pequeno e relativamente antigo, apesar de receber uma boa mesada de seus pais – não sabia administrar seu dinheiro.
       E, por fim, era um amante platônico. Após a traição de sua (ex) namorada, pensou em seguir sozinho até o fim de seus dias... Até se apaixonar pela jovem que morava na casa em frente ao sobrado.
       Eles se viam todos os dias, trocavam formalidades, e... Era só isso. Nada mais.
       Apenas os sonhos dele sobre o dia em que conversariam de verdade.
       Uma noite, iria fazer trabalho na casa de um amigo. Desceu as escadas, já se preparava para partir quando a viu, mais bela do que jamais havia antes visto...
       Sua beleza simples: cabelos loiros que ficavam presos num coque; olhos de um verde profundo, cuja formosura era escondida praticamente o tempo todo por grandes óculos de grau; seus graciosos membros e tez suave, quase sempre encobertos por calças jeans e trajes excessivamente grandes ou pouco femininos; seu rosto de formas suaves e bem dispostas, o qual nunca vira maquiado; e seus lábios finos, que sempre se contraíam para ele num belo sorriso – essa beleza estava mudada.
       Havia soltado seus cabelos, que caíam, elegante e naturalmente, por seus ombros; tirou os óculos, seus olhos verdes formando um conjunto simplesmente angelical com suas sobrancelhas perfeitamente delineadas e cílios longos, usava um vestido negro que lhe expunha os delicados braços e ombros, ambos suaves como um pêssego; suas pernas torneadas e o decote de seu vestido mostravam o jovem uma face sensual daquela moça que ele nunca havia visto antes. E uma suave maquiagem, coroada com um batom vermelho, deixava seu sorriso ainda mais encantador.
       O jovem ficou embasbacado diante de tanta beleza... Entretanto, a presença de um companheiro o tirou de seu transe. Um rapaz de terno saiu de dentro da casa dela, conduziu-a a um carro e foram embora.
       A imaginação fértil de um apaixonado entrou em ação: supôs que aquele era o namorado da moça, que não teria chance alguma com ela. Entrou, portanto, em profunda depressão.
       Esquecendo-se de tudo e todos, subiu de volta a seu apartamento, disposto a despedir-se daquela sua vida medíocre.
       Invadiu, ensandecido, seu apartamento, procurando por algum tipo de corda na qual pudesse se enforcar. Contentou-se com um cinto.
       Procurou um lugar alto o suficiente para se pendurar; sem paciência para escrutinar seu apartamento com mais atenção, posicionou o cinto na base de uma das hastes do ventilador de teto que havia em seu quarto, e deixou a fatídica cadeira embaixo de si.
       Enrolou o cinto em redor do próprio pescoço, lágrimas de nervosismo e profunda tristeza escorriam por seu rosto e o coração parecia prestes a explodir. Aos poucos, foi caminhando para fora da cadeira.
       No terceiro passo, seu pé encontrou o vazio.
       O terror que tomou seu corpo e sua mente não pode ser descrito. Estava suspenso, segurando seu pescoço desesperadamente na tentativa de soltar-se do cinto.
       Como um pêndulo, ele balançava, retorcendo-se na agonizante asfixia à qual estava sendo submetido. Seu rosto ficara completamente roxo, ele debateu-se ainda mais fugazmente, em vão, pensava. Quando começava a ficar inconsciente, a pá do ventilador em que estava pendurado se parte, fazendo-o cair no chão.
       Completamente desesperado, retirou o cinto de seu pescoço e inflou o peito, em busca de ar. Já ofegante, e conseguindo com que sua respiração e pulso se normalizassem, fechou os olhos e pensou: não teve coragem de enforcar-se... Será que deveria pular do topo de um prédio? Cortar os próprios pulsos? Afogar-se, ligar o gás, entupir-se de remédios e álcool?
       ...Ou será que estava sendo muito radical? E até mesmo, covarde, em vida? Por que não tentava alguma coisa, procurava um novo amor...?
       Aproveitava a vida ou até mesmo procurava saber mais sobre sua vizinha – se declarava para ela!?
       Após várias horas, tomou uma decisão. Ergueu-se, embora com dificuldade, bebeu água, saiu como um louco pela porta da frente do sobrado, a fim de se declarar para a linda menina.
       O problema é que ele se esqueceu de que a moça ainda não havia chegado da festa de formatura de seu irmão – com quem tinha ido.
       E se esqueceu de olhar para os dois lados da rua antes de atravessar. Não percebeu quando o carro em que estavam sua vizinha e o irmão dela cortava a rua numa velocidade alta demais para aquela via.
       Quando nosso jovem deu por si, não havia forma de desviar. 
       Ou de evitar o impacto.

Como você...!

Como você diz que te entendo,
 se fico tão preocupado quando converso contigo?
 Tão apreensivo em te decepcionar a cada frase ou palavra,
 e tão empenhado a cada frase engraçada
 em te arrancar um sorriso?

 Se ainda nem sei a cor dos seus olhos...
 Se ainda não consegui o que quero - sua felicidade
 Se nem sequer tenho idade...!
 Para tanta - e tão bela - complexidade...?

... Se ainda pouco te conheço,e quero ler-te muito mais...?

...Acho que te entendo tanto
 por sermos, por dentro,
 Tão iguais ...!

14 agosto 2011

A carta

Dedico este poema aos meus leitores cujos pais não estão mais entre nós - em especial, dedico-os a meus próprios pais, e à mademoiselle que se tornou uma das pessoas mais importantes em minha vida, a Poliana.

Quero te dizer que sinto sua falta...
Das alegrias - e tristezas - que tivemos
De cada brincadeira e atitude incauta
Da linda infância que outrora vivemos...

E cresceste! em beleza e vigor
Vieram conselhos que causaram rebeldia
E as brigas - me causaram tanta dor!
Mas que a mim faziam crescer a cada dia

Sei que é bem difícil suportar
Mas aguente firme - e verá
Que estou sempre a te observar e guardar

Siga amando e vivendo - vai!
Uma lágrima do céu agora cai...
Esta carta é para ti, com amor eterno e infinito
Do seu pai...


13 agosto 2011

Homenagem ao Dia dos Pais


A voz que grita, e me afasta
É a mesma que traz p’ra perto e consola
Conhece minha face mais nefasta
E a dor que sente é a mesma que me assola

Tu és o pilar de nossa família
Teu sorrir, que nos inspira confiança
Teu rigor, que nosso caminho trilha
Nos ensinou a acreditar na esperança...

Ágape, o amor que é a razão de existir
É o que me move, e tanto me comove...
Pois é a razão de meu amor por ti

E que perdure, eterna, tal magia
Que eu possa dizer um “eu te amo” hoje
E amar-te muito mais a cada dia

Um feliz Dia dos Pais a todos os pais - e principalmente ao meu ^^

11 agosto 2011

O presente

Tive um diálogo interno.

       Estava caminhando pelas estradas que saem do meu coração direto para a mente, quanto um garoto me parou. Era eu mesmo, mais novo, por volta de sete anos de idade; e eu disse comigo mesmo:
       - João, por favor, me dê um presente?
       Confuso, perguntei o que ele – eu – queria. E respondi, já com um semblante mais velho:
       - Não abandone seu coração. Ele precisa de cuidados.
       Queria saber mais sobre aquilo. Surpreso, me distraí, refletindo, e reparei que meu “outro eu” já estava mais velho que eu próprio; adulto, na verdade.
       - Não deixe de ser como você é. Mas também não deixe tanta dor possuir o seu coração...
       Virou-se para trás, e me aproximei dele - de mim, colocando-me ao meu lado. Olhei em sua direção e deparei-me com um idoso, que me fitou nos olhos e disse:
       -... Ou você permitirá que tanta dor faça sua vida passar diante dos olhos...?

Sem título [6]


Como posso sentir tanta falta
De algo por que tanto sofri.
Culpa do Amor – ciência incauta
A verdade é que sinto falta de ti...

Ligeiro, foi como veio
Alegria violenta, com um fim violento
Seguido de saudade e anseio
Fim que trouxe o arrependimento

A chama que morreu, cinza já não é!
Posto que cinza não mais queima...
Este fogo queima por ti, mulher
É o amor em que meu peito reina...

Sem título [5]


Observo de longe a vida a passar
Sorrio – mas que sorriso vazio...
Meus olhos se fecham, me impedem de chorar
E o sangue não corre em meu corpo alvadio

Tu me perguntas por que estou tão afetado
E lhe respondo, com triste sinceridade:
“É que sou sempre privado
De possuir felicidade...”

10 agosto 2011

Poesia de amor em prosa...


Da laranja, queria um gomo; um pedaço do limão. Roubou da dama um abraço e, sem querer, seu coração.
       Sua amizade vira amor – paixão essa tão fugaz!Das donzelas imprudentes, dos moços ignorantes, seus antigos pretendentes, apesar de tantas ciladas, mentiras que foram contadas, alegrias quase roubadas; apesar dessas coisas más, o amor do casal desfazer, nenhum deles foi capaz.
       Os dois lutavam contra o mundo: a mãe dizia “Não deixo!”; o pai, “De jeito nenhum!”, e respiravam fundo. Flagrados no meio de um beijo, separados sem cuidado algum, ela apanhou de cinta; a ele, chamaram de imundo; e levaram cada um.
       Mas era um amor persistente; e mesmo estando separados, por raiva e léguas afastados, se falavam mesmo assim. Papéis coloridos, perfumados: ela, cheiro de rosas, ele, de jasmim. Ela, papel azul e ele, cor de marfim.
       Nada, porém se igualava a ver-ser pessoalmente: enquanto o pai não estava, e lá fora, a mãe conversava, corriam à praça adoidados, e lá ficavam abraçados, os dois jovens apaixonados.
       Um dia infeliz, no entanto: ele caiu no encanto de uma donzela imprudente; ela os viu, ficou doente: num leito verteu seu pranto. Chorou copiosamente, sem saber como é que ele poderia ser tão indecente...
       Ele, como estava arrependido!Como fora seduzido?Àquela armadilha atraído? Poderia ter fugido... Mas, já não havia mais jeito: a dor já crescia em seu peito. E seu pobre coração, sem esperar por perdão, o deixou a sofrer em seu leito.
       E cada um ficou sozinho, padecendo do mesmo pesar... Um no outro a pensar... Em como queria – com ele ou com ela – toda essa solidão passar.
       Procuraram – e como – a cura para o mal que sofriam: o amor... Mas nenhum dos dois era ator. E o choro, ninguém segura quando lhes falta do outro o carinho, o calor, a brandura.
       Só o tempo resolve – e ele bastou. A dor em seus corações os deixou. E o sentimento, passou.
       Mas de acasos é feito o destino: não é que eles se reencontram? E novamente se apaixonam!
       Não foi com um olhar que se lembraram do passado. Era tudo muito triste, das memórias foi apagado. Nem a dança foi capaz de fazer um deles se lembrar; mas o peito começou a disparar, e em suas mentes não havia mais a mesma paz. Então, um olhar mais profundo e, no fundo no fundo, cada um se lembra!
       Aumenta, então, a atração: aquilo vira desejo. Dispara o coração, é iminente o beijo... Quando os lábios, enfim, se tocaram, os amantes (enfim!)se lembravam, que um dia muito se amaram, e de imediato, se perdoaram.
       E o que era para ser uma vez, o que era para ser nunca mais; passou a ser sempre mais, passou a ser para sempre, de vez.

Soneto de Alívio


 Uma exceção em mi’a vida tão agreste:
Dia em que não me pesam sofrimentos!
Estrelas me riem no azul-celeste
Um dia de poemas sem lamentos!

Sinto em meu rosto uma brisa do leste
Me invade a alegria, e bons sentimentos
Penso em bosques de cedros e ciprestes
E em mares tão tranqüilos, sem tormentos...

Em meu peito, apazigua-se o amor
Em minha mente, flui a imaginação
Não sou mais frio – sou o Sol, sou o calor

Não mais me abalo por minha emoção
Meu ânimo sai de seu antigo torpor
E aproveito a paz em meu coração

09 agosto 2011

Soneto Invertido II


Sinto-me tão oco...
Vazio, tão sem motivo para ser ou viver...
Que é perigoso que o vento me leve...

Dentro de mim há tão pouco!
...Não há nada que me possa encher?
Quantos suspiros vazios, de uma paixão tão breve...!

Pensamentos que param, e sentimentos que fazem greve
Emoções tornam-me um louco
Vento, p’ra já me leve!
Pr’algum lugar onde eu possa viver...!

Enquanto minha mente é Sol, em meu peito faz neve
Ao amor grito com força, a ponto de ficar rouco
Imploro-te, vento, me leve!
Pr’um lugar onde possa eu renascer!

Soneto Invertido

Seus longos, belos cabelos dourados
Eles que, em vida, tornavam-n0000000000000000a um anjo
Ficaram rubros: de sangue, manchados

Apesar de ser ato tão amiúde
Sua beleza a ninguém pertencia,
Pura inveja de sua juventude...

Encontrou, a moça, sua sina: a morte...
Por meio do mais maldito assassino
Maldosa que escarninha a vida: a sorte!
Mas, ah! como é cruel o destino...!

Quando não havia qualquer desalento
Em tempos alegres, tão apaixonados
Voavam, graciosos, pelo vento
Seus longos, belos cabelos dourados...

P.S.: Quando terminarem de ler, leiam novamente, mas de baixo para cima... ;)

08 agosto 2011

Soneto de Sofrimento


Se tu concordas com meu sofrimento
Que posso fazer? – Sofrerei sozinho
Pois para amar – e odiar – há um momento
Recolho-me e em meu peito, me aninho

Que se apaguem, das chamas, as mais quentes...
Pouco importa se hoje o Sol esfriar...
E as estrelas, tornar-se-ão cadentes
Nas trevas deixar-me- ei, então, ocultar

As negras sendas, minhas negras vias
Elas, que reinam cruéis em meu peito
Cegam-me, por via das agonias

E aqui dentro, são fortes os conflitos
Que me tomam, me possuem, me matam
E tornam meus Calvários, infinitos

Poema V


Como pode a vida me encantar?
Como posso me alegrar diante de tanto egoísmo?
Como posso agarrar-me às escarpas e resistir ao profundo,
[escuro abismo?
Resta alternativa aos olhos, senão se fechar?

Resta alguma pureza, qualquer resquício?
Algo da bondade e cortesia que tínhamos desde o início?
Ou tudo se perdeu nas trevas do mesmo precipício...?
Cada uma das virtudes tornou-se torpe vício?

Onde estás, fulgor vital, que guia...?
A paz que me governa, brandura de nostalgia...
Da vida que aqui vemos, a magia...?

Espero não ter se perdido,
Nem ter se restringido
Aos versos de tão humilde, porém
Dedicada poesia


Poema IV


Todo o viço de minh’alma foi roubado
E o rubor juvenil, retirado...
Meu sangue, de sua vida foi drenado,
Meu coração sem vida está parado
O brilho dos meus olhos, usurpado
O pesar em meu peito, aumentado...

Cada vinco em meu rosto foi criado,
De alegria e paz, fui eu privado,

Quando ao amor
Fui apresentado

Poema III


A cabeça que me pende nos ombros
Tanto peso que me dói, incomoda
Muita mente, pouca vida – que importa?
...Se não quero encontrar-me dentre escombros...?

Ruínas, fragmentos – assim me descreveria
         A seta de uma bússola que não aponta para o norte -
                       [aponta cega
É gelo que me toma – a luz do Sol me nega
   Para o amor, nada sou senão uma alegoria

04 agosto 2011

Revérbero

Revérbero

O que eu vejo, quando estes olhos miro
Alegrias, amores e emoções
Tristeza, sofrimento e suas razões
Um peito que mal contem o suspiro

Sonhos, solidão... Tanto desespero...
Paciência e problemas insolúveis
Resoluções e promessas volúveis
Cartas de amor feitas com muito esmero

Intensas torrentes de pensamentos
Entre sucesso e fracasso, um desejo
Tristes lembranças e alegres momentos

Declarações não feitas – culpe o pejo
Sangue, sabedoria e sentimentos
Quando olho no espelho, é isso que eu vejo...

02 agosto 2011

... A fazer ...


Preciso respirar para viver, mas a angústia me sufoca.
Preciso que meu peito pulse, mas a dor o impede.
Preciso continuar andando, mas não sei para onde ir.
Preciso de uma pausa, mas devo prosseguir.
Preciso ser importante, mas ainda sou pequeno demais para isso.
Preciso de um colo aconchegante, mas já sou grande demais.
Preciso que me consolem, mas o orgulho não deixa.
Preciso conversar, mas estou sozinho.
Preciso ver coisas novas, mas o antigo sempre parece melhor.
Preciso me alegrar, mas ninguém ajuda.
Preciso me levantar, mas me faltam as forças.
Preciso te ver, mas você está tão distante...
Preciso ficar sozinho, mas justo nesse momento, eles me importunam com sua presença.
Preciso pensar, mas estou confuso.
Preciso escolher, mas estou indeciso.
Preciso enxergar, mas eles encobrem minha visão.
Preciso voar, mas minha alma está muito pesada.
Preciso de um livro, mas nenhum é o ideal.
Preciso ler um livro, mas a preguiça não deixa.
Preciso de liberdade, mas a idade não deixa.
Preciso viajar, mas o dinheiro não deixa.
Preciso sair daqui, mas ainda não.
Preciso de amizades, mas está difícil encontrá-las.
Preciso tirar notas boas, mas, quem liga...?!
Preciso ser me conhecer melhor, mas minhas sendas são por demais traiçoeiras.
Preciso mudar o mundo, mas minhas ações são solitárias.
Preciso ser perfeito, mas ser humano não deixa.
Preciso tirar uma folga do mundo, mas não vivo sem ele.
Preciso me esconder, mas até as trevas me repelem.
Preciso usar óculos, mas vejo muito bem sem eles.
Preciso de mais esperança, mas, será que a minha já não basta mais?
Preciso de amor...

...Mas ele muito me fere...

Preciso aprender, mas minha mente está exausta.
Preciso respirar fundo, pois tanta angústia já me deixa...
Preciso me superar, pois quero ser melhor – ainda que não “o” melhor...
Preciso ir ver a Lua, antes que o dia chegue...
Preciso ver o Sol, antes que as trevas o encubram...

Preciso viver,
E disso eu acho que sou capaz.