11 agosto 2011

O presente

Tive um diálogo interno.

       Estava caminhando pelas estradas que saem do meu coração direto para a mente, quanto um garoto me parou. Era eu mesmo, mais novo, por volta de sete anos de idade; e eu disse comigo mesmo:
       - João, por favor, me dê um presente?
       Confuso, perguntei o que ele – eu – queria. E respondi, já com um semblante mais velho:
       - Não abandone seu coração. Ele precisa de cuidados.
       Queria saber mais sobre aquilo. Surpreso, me distraí, refletindo, e reparei que meu “outro eu” já estava mais velho que eu próprio; adulto, na verdade.
       - Não deixe de ser como você é. Mas também não deixe tanta dor possuir o seu coração...
       Virou-se para trás, e me aproximei dele - de mim, colocando-me ao meu lado. Olhei em sua direção e deparei-me com um idoso, que me fitou nos olhos e disse:
       -... Ou você permitirá que tanta dor faça sua vida passar diante dos olhos...?

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