10 agosto 2011

Poesia de amor em prosa...


Da laranja, queria um gomo; um pedaço do limão. Roubou da dama um abraço e, sem querer, seu coração.
       Sua amizade vira amor – paixão essa tão fugaz!Das donzelas imprudentes, dos moços ignorantes, seus antigos pretendentes, apesar de tantas ciladas, mentiras que foram contadas, alegrias quase roubadas; apesar dessas coisas más, o amor do casal desfazer, nenhum deles foi capaz.
       Os dois lutavam contra o mundo: a mãe dizia “Não deixo!”; o pai, “De jeito nenhum!”, e respiravam fundo. Flagrados no meio de um beijo, separados sem cuidado algum, ela apanhou de cinta; a ele, chamaram de imundo; e levaram cada um.
       Mas era um amor persistente; e mesmo estando separados, por raiva e léguas afastados, se falavam mesmo assim. Papéis coloridos, perfumados: ela, cheiro de rosas, ele, de jasmim. Ela, papel azul e ele, cor de marfim.
       Nada, porém se igualava a ver-ser pessoalmente: enquanto o pai não estava, e lá fora, a mãe conversava, corriam à praça adoidados, e lá ficavam abraçados, os dois jovens apaixonados.
       Um dia infeliz, no entanto: ele caiu no encanto de uma donzela imprudente; ela os viu, ficou doente: num leito verteu seu pranto. Chorou copiosamente, sem saber como é que ele poderia ser tão indecente...
       Ele, como estava arrependido!Como fora seduzido?Àquela armadilha atraído? Poderia ter fugido... Mas, já não havia mais jeito: a dor já crescia em seu peito. E seu pobre coração, sem esperar por perdão, o deixou a sofrer em seu leito.
       E cada um ficou sozinho, padecendo do mesmo pesar... Um no outro a pensar... Em como queria – com ele ou com ela – toda essa solidão passar.
       Procuraram – e como – a cura para o mal que sofriam: o amor... Mas nenhum dos dois era ator. E o choro, ninguém segura quando lhes falta do outro o carinho, o calor, a brandura.
       Só o tempo resolve – e ele bastou. A dor em seus corações os deixou. E o sentimento, passou.
       Mas de acasos é feito o destino: não é que eles se reencontram? E novamente se apaixonam!
       Não foi com um olhar que se lembraram do passado. Era tudo muito triste, das memórias foi apagado. Nem a dança foi capaz de fazer um deles se lembrar; mas o peito começou a disparar, e em suas mentes não havia mais a mesma paz. Então, um olhar mais profundo e, no fundo no fundo, cada um se lembra!
       Aumenta, então, a atração: aquilo vira desejo. Dispara o coração, é iminente o beijo... Quando os lábios, enfim, se tocaram, os amantes (enfim!)se lembravam, que um dia muito se amaram, e de imediato, se perdoaram.
       E o que era para ser uma vez, o que era para ser nunca mais; passou a ser sempre mais, passou a ser para sempre, de vez.

Nenhum comentário:

Postar um comentário