27 agosto 2011

Cartas...

       Esta não é mais uma carta de amor, embora esteja entre outras tantas que jazem incompletas e morrem com rabiscos em meu caderno.
       Não sei exatamente o que quer dizer; o que é de fato.
       Mas sei que provoca lágrimas a cada vez que eu a leio.
       Possivelmente, por me recordar de bons e maus momentos, que deixaram de ser comuns, reles, porque foram vivenciados com você.
       Cada riso. Cada confidência. Cada conselho de verdadeira amizade. Cada elogio. Todas e cada uma das frases ditas... Tudo isso permanece em minha mente.
       Mas, como o amor é deveras cruel, nunca me permite ter cada uma dessas boas lembranças como forma de recordar minha felicidade e sim, como aquilo que perdi ao te perder através dos meus erros tão levianos... O que não tive, a felicidade e a satisfação que não tive, e não poderei ter jamais, porque te fiz se afastar. Fiz-te ir embora.
       E, claro, minha mente não pára de me lembrar das brigas. Rápidas, repentinas, confusas e fulminantes. Após cada uma delas, tanta coisa aprendi tão profunda melancolia me abateu que, possivelmente, à minha alma velha demais para meu corpo e com algumas marcas do meu exagerado sofrimento, foram acrescentados mais dez, vinte, cinqüenta anos. Mais cicatrizes dolorosas e chagas incuráveis cada vez que você saía pela mesma porta em que entrou da mesma forma que chegou: sem dizer nada.
       Mais lágrimas sofridas a cada pedido de desculpas que me via obrigado a dizer, seja quando eu estava com a razão; seja por culpa de minha incoerência e de minha falta de lucidez.
       No entanto, eu me tornava mais forte após cada vez que conseguia reconciliar-me contigo. Nós nos tornávamos mais fortes.
       Mas nada disso bastou.
       Não consegui fazê-la ver que, apesar de que “Não se pode confiar em ninguém”, e de que “Todo mundo mente”, eu não nasci para ser ninguém, e não sou todo mundo.
       De que você, se quisesse, poderia colocar-se em meu lugar às vezes, mudar isso em você só para mim; e mudar só isso em você, para mim.
       Não consegui, por causa do infortúnio que insiste em me perseguir e de algumas de minhas ações desmedidas, fazê-la confiar em mim e em minhas palavras quando digo que te amo, que você é linda, e que não vou te abandonar assim como todos os outros o fizeram – eu não sou todos os outros...
       ...E queria que soubesse disso...
       Eu sempre estive disposto, por causa de tudo o que você me fazia sentir, a mudar minha vida por completo: ir morar num lugar completamente desconhecido para mim... Afastar-me das pessoas que amo... Enfrentar dificuldades além da minha capacidade e, até mesmo, transcender essa capacidade...
       Mas isso pouco importava para mim. POR VOCÊ, iria conseguir, realizaria meus sonhos ao seu lado e, quem haveria de saber (?), teria contigo meu futuro reservado... E mesmo se acabasse antes de tudo isso, eu teria sido feliz por ter sido feliz contigo. Por tê-la feito, nem que tenha sido por um breve momento, feliz.
       “Por que isso?”, podem me perguntar. Simplesmente porque eu penso que, quando se acha a pessoa perfeita, deve-se lutar por ela. Agradá-la, consolá-la, MUDAR por ela. E, principalmente, agarrá-la com toda a força e não deixá-la NUNCA MAIS, não importa o que aconteça.
       É difícil ter que esconder do mundo tão intensa torrente de sentimentos. Dói.
       Prometi a mim mesmo que não iria chorar. Mas não consigo. Pois tenho a vã esperança de que, algum dia, as lágrimas que hoje derramo te trarão de volta. De que os poemas sobre você, a musa pela qual tanto procurei, hão de encaminhar-te a meus braços.       De que, algum dia, esta vida fadada à solidão conhecerá a verdadeira face da alegria ao teu lado.
       Não sei se algum dia lerá isto. Mas, caso leia, quero que saiba: eu te amo. E alguma coisa, em algum lugar do meu coração, por trás dessa parede de tristeza e de emaranhados de sentimentos caóticos, diz que você sente o mesmo e se culpa por isso.
       Eu te entendo... Mas você não vê.
       Eu me importo... Mas minha ausência e sua sensibilidade provavelmente te cegam quanto a isso.
       Pode ser que você não me ame, e que passe a me odiar ainda mais após ler isso. Mas eu não acho que tenha se esforçado tanto para dar certo, se declarado, muito menos que tenha mentido. Um lampejo de esperança por trás dessa mágoa me diz que tenho razão.
       E, enquanto ele brilhar em mim, quero que saiba: eu te amo muito, mesmo. E até saber que a chama que arde em mim e em você se apagou, eu não vou desistir.

2 comentários:

  1. Durante muito tempo eu pensei sobre o que escrever, como escrever, por que escrever para VOCÊ. É um sentimento estranho que me faz escrever e apagar, escrever e apagar, tenho a sensação de que nada está a altura do que você realmente significa para mim. Era para ser amizade, eu queria só amizade, eu quis muito só amizade. Mas eu quis tanto que quando virou amor eu me assustei, por que é algo tão grande, tão bom, tão magico.

    Sempre brinquei contigo que você era meu príncipe, mesmo antes de isso tudo acontecer, mesmo antes de tudo se tornar real. E você dizia que um dia eu acharia alguém e se eu não achasse você se casaria comigo, por que jamais me abandonaria. E eu ria sobre a possibilidade de filhos por inseminação, e você brincava com o fato de a gente ter que morar fora do país e eu disse que só moraria se fosse um lugar frio, não gosto de calor. Você é meu príncipe, eu sempre acreditei nisso.

    Toda a garota procura um príncipe, toda. Mesmo as mais moderninhas como eu estão sempre a procura do SEU PRÍNCIPE Mas nada de cavalos e carroças de abobora, nada de morder maça envenenada ou fazer louças dançarem no meio da noite. O príncipe é aquela pessoa que você consegue imaginar uma vida juntos, uma vida dessas de cinema. Perfeita. E mesmo que não seja, não tem importância, afinal você já está com o príncipe, não tem premio maior.

    Suas qualidades são imensas, você me respeita acima de qualquer coisa, é carinhoso e atencioso, faz o possível para me deixar sempre sorrindo apesar do meu humor de criança mimada. É inteligente, audacioso e me tira os melhores sorrisos.
    Eu sei que você não é igual aos outros e isso que me assusta, é algo tão novo para mim, algo tão grande que tenho medo de acordar amanhã e você não estar mais aqui. Não vou dizer que gosto de sentir isso, seria mentira. Não gosto. Me incomoda essa sensação de estar presa a alguém. Precisar de alguém para no mínimo sobreviver. Você sabe como ser independente é importante para mim, então deixa-me acostumar com tudo isso, é novo. É como o primeiro dia em um colégio, aquela sensação de medo, de não saber o que fazer. Mas como sempre, a gente se acostuma ao colégio. A gente se acostuma a mudanças boas...
    Você é a melhor parte de mim. Você sempre será a melhor parte de mim.

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  2. Ainda que eu precise esperar, acho que não posso fazê-lo sem escrever.

    E mesmo assim, mesmo preocupado comigo, contigo, conosco, com o futuro, ainda me perco em teu sorriso...

    Ainda penso que posso escrevê-los, me vêm mil poesias à mente. Mas ainda me surpreendo ao descobrir que nem todas as poesias, frases, palavras e letras que já escrevi e hei de escrever serão capazes de descrever o teu sorriso.

    Ainda me perco em teus olhos profundos, uma escuridão que me atrai e me afoga; uma inocência que sabe ser sábia, bela e triste... Ainda me encanto com seus cabelos que caem sobre os ombros...

    Ainda me imagino passando meu tempo ao seu lado... Imagino “quais são as cores e as coisas pra te prender...”

    Assim como você, não estou acostumado a depender, me prender tanto a alguém.

    Mas, acima de tudo, não consigo me acostumar ficando longe de você. Não posso evitar conversar com você, pensar em você, escrever a você

    Porque além de tudo que eu já disse que você representa para mim, você ainda se tornou meu vício. Parte de minha essência, de meu coração.

    E eu descobri o verdadeiro significado daquela expressão que você gosta tanto de usar, porque finalmente percebi que ela se aplica a você.

    You are the greatest thing about me.

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