08 setembro 2011

Em vão...


De que adianta escrever,
Se meu peito não se esvazia?
As lágrimas que não posso verter
Contém treva em demasia...

E, de que me adianta chorar,
Se não há mais por quem fazê-lo?
Dedicar a quem tanto zelo?
Se esse alguém não irá notar...?

De que me adianta ser livre?
Abraçar com afã a liberdade...
Se uma faca em meu peito se crive,
E sou preso, por mi’a pueril idade!

De que me adianta crer na esperança,
Ter nela alegria plena!?
Se, mesmo com temperança,
A esperança não vale a pena?

De que me adianta ter alegria?
A expectativa tresloucada...
Já que sei: não passa de uma fantasia,
Que me vai ser arrancada...

De que me adianta crer no mundo,
Sorrir aos outros, quando estou triste?
Quando têm com sabre em riste,
Meu peito inocente e moribundo

De que me adianta amar,
Se tanto já sofri por isso...
Encher-me de idéias, me devotar...!
Caindo, em seguida, em profundo abismo...

De que, de que me adianta sentir?!
De que me serve possuir uma amada?
Para que meu coração abrir,
Se dentro dele, já não jaz mais nada...?

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