19 julho 2011

Nós e o tempo

       O tempo: vício, que feroz degrada o mundo; o tempo, droga que retarda e acelera cada segundo; o tempo, bálsamo para as feridas; o tempo, que abre as cicatrizes há muito esquecidas.
       O que é o tempo?
       Podemos dizer que o tempo é um grande carrasco? Porque, ora, durante seu caminhar vamos perdendo, lenta e penosamente, tudo aquilo que um dia amamos.
       Enterramos cada uma dessas cosas até que chegue o tempo em que nossa própria vida seja ceifada.
       No fim, tudo é como uma colheita. Cultivam-se os grãos com muito esforço e dedicação até que chegue a época de arrancá-los da terra e vendê-los, logo os substituindo por novas ramas; ou simplesmente aconteça um grande desastre e percamos tudo num piscar de olhos.
       Assim age o tempo: selvagem, irrefreável, irrefutável, imprevisível, impiedoso, tal qual um furacão que devasta tudo por onde passa.
       Mas o tempo também é o elixir que pode curar toda e qualquer ferida da alma.
       Afinal, ele não é só passado e futuro.
       Ele é presente, UM presente, a dádiva do AGORA. E por ser presente, permite a cada um desprender-se do passado e deixar de temer o futuro a cada passo através do desfrute do AGORA.
       Empenhamo-nos a esquecer um passado triste e nebuloso construindo, ao mesmo tempo, um futuro mais brilhante: assim também age o tempo.
       Todavia, a dúvida perdura: o que é o tempo?
       Uma dúvida tão difícil quanto “O que é o amor?” ou “O que é Deus?”. Só posso repetir o que já disse: vício, que feroz degrada o mundo; droga que retarda e acelera cada segundo; bálsamo para as feridas; avivador de cicatrizes esquecidas; razão de muitas chegadas; mote de tantas partidas...
       O tempo é como tudo no mundo complexo demais para ter resposta: é VIDA...

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